Samba que deu título ao álbum lançado em 1976 pela cantora mineira Clara Nunes (1942 – 1983), Canto das três raças reverbera no terceiro álbum da Orquestra Mundana Refugi, Todo lugar é aqui, agendado para 18 de janeiro pelo selo Circus.
O samba de Mauro Duarte (1930 – 1989) e Paulo César Pinheiro ressurge em arranjo de Carlinhos Antunes e Danilo Penteado em disco no qual a orquestra recorre novamente ao cancioneiro autoral de Chico Buarque. Quatro anos após gravar As caravanas (2017), a Refugi revive A violeira (1983), parceria de Chico com Antonio Carlos Jobim (1927 – 1994).
Além de ser um dos arranjadores do álbum Todo lugar é aqui, Carlinhos Antunes (violão, viola, charango, ronrono e ngoni) é o mentor e diretor musical da Refugi, formada na cidade de São Paulo (SP) a partir da pré-existente Orquestra Mundana por cantores e músicos refugiados – oriundos de países como Congo, Cuba, França, Guiné-Conacri, Haiti, Irã, Palestina e Síria – com instrumentistas e cantores do Brasil.
Assim como os dois álbuns que o antecederam, Orquestra Mundana Refugi (2018, gravado ao vivo em agosto de 2017 em show em São Paulo) e Caravana Refugi (2019), o disco Todo lugar é aqui reflete no repertório a pluralidade étnica dos 22 integrantes do coletivo. As dez músicas do álbum transitam por gêneros como samba, xote, flamenco, tarantela e maksum (ritmo egípcio).
Se Amêndoas verdes é hino da causa palestina, Uskudar é música turca cantada pela iraniana Mah Mooni e pela palestina Oula Al Saghir enquanto Batarsite é tema cantado em criolo com influência francesa. Sombra da romanzeira amalgama células rítmicas do flamenco e da música árabe. Já Suíte dos povos é tema tradicional do Tibete.
As músicas Oración del remanso, Sardinía mia e Taranta completam o globalizado repertório do álbum Todo lugar é aqui.