♪ Mês da primavera, setembro abre a temporada de flores e também marca o nascimento da cantora e compositora paulista Vanusa Santos Flores (22 de setembro de 1947 – 8 de novembro de 2020), uma das vozes de maior alcance na música popular brasileira da década de 1970. Talvez por isso mesmo o mês tenha inspirado a artista na criação dos versos de Manhãs de setembro, canção feita por Vanusa em parceria com o compositor paulista Mário Campanha.
Lançada há 50 anos em single e no álbum intitulado Vanusa (1973), disco que marcou a estreia da artista na gravadora Continental após período na RCA-Victor, Manhãs de setembro se tornou sucesso avassalador nas rádios AM, galgou os primeiros postos das playlists da época e firmou a carreira da cantora.
Embora nunca tenha sido admitida no seleto clube da MPB, segmento para o qual acenaria dois anos depois com o álbum Amigos novos e antigos (1975), Vanusa sempre teve o aval do público que elege ídolos pelo repertório e/ou pela força da voz.
Em cena a partir de 1967, a cantora aderiu de início ao romantismo pueril da Jovem Guarda. Logo depois, flertou com o soul e o som psicodélico em discos mais cultuados em nichos do que propriamente ouvidos pelo público. Foi Manhãs de setembro que abriu as portas do sucesso para Vanusa.
Nessa canção que abriu o álbum gravado com produção musical de Wilson Miranda (1940 – 1986), a cantora deu voz a uma letra que versa sobre superação. Letra poética que se afinava totalmente com a melodia para contar a história de mulher que, após processo de interiorização em que se isolou do mundo em período de tristezas, se sente disposta a sair, a falar e a “ensinar o vizinho a cantar nas manhãs de setembro”.
Em sintonia com a música, o arranjo da gravação original de Manhãs de setembro acentua a melancolia inicial da composição até explodir na intensidade do refrão, cantado a plenos pulmões por Vanusa.
Objeto de remix produzido pelo DJ Zé Pedro com Vizcaya e em alta rotação nas plataformas de áudio desde que foi lançado em março, a música Manhãs de setembro permanece tão forte no imaginário popular que, quase 50 anos depois do registro original de Vanusa, inspirou e batizou a série Manhãs de setembro (2021), protagonizada pela cantora, compositora e atriz Liniker.
♪ Eis a letra de Manhãs de setembro (Mário Campanha e Vanusa, 1973):
“Fui eu que se fechou no muro e se guardou lá fora
Fui eu que num esforço se guardou na indiferença
Fui eu que numa tarde se fez tarde de tristezas
Fui eu que consegui ficar e ir embora
E fui esquecida, fui eu
Fui eu que em noite fria se sentia bem
E na solidão sem ter ninguém, fui eu
Fui eu que na primavera só não viu as flores
E o sol
Nas manhãs de setembro
Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Eu quero sair
Eu quero falar
Eu quero ensinar o vizinho a cantar
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs de setembro
Nas manhãs...”