♪ Foi em 1991, na cidade de São Paulo (SP), que o paraibano Chico César conheceu o maranhense Zeca Baleiro. Baleiro chegou em Sampa naquele ano de 1991 e logo fez amizade com Chico.
No embalo da amizade, surgiu parceria apresentada em 1995 com a gravação de Pajelança – música de Baleiro e Chico com Tata Fernandes – em disco da cantora Vange Milliet. Estendida na segunda metade da década de 1990, a parceria gerou músicas como Mandela (1996) e Pedra de responsa (1996), mas ganhou volume somente a partir de maio de 2020, durante o isolamento social.
De maio do ano passado até o início deste ano de 2021, os compositores fizeram juntos mais de 20 músicas, transitando por gêneros como balada, reggae, rock e xote.
A profusão de músicas inéditas da parceria despertou a ideia da gravação de álbum autoral de Chico com Baleiro. Um disco com os dois juntos e misturados.
Em agosto, o álbum começou a sair do plano das ideias. Foi quando os artistas começaram a trabalhar – com o produtor musical Swami Jr. – em dez músicas selecionadas entre as mais de 20 composições que ampliaram a parceria durante a pandemia.
Duas delas, Lovers e Respira, foram reunidas em single duplo que chega aos aplicativos de música em 21 de maio, apresentando e anunciando oficialmente o álbum de Chico César com Zeca Baleiro.
Chico César e Zeca Baleiro em 1995, ano do início da parceria dos compositores — Foto: Mara Fernandes / Divulgação
Mais do que a parceria, o disco celebra os 30 anos de amizade dos artistas, como ressalta Chico. “Concretiza-se assim o encontro de três décadas. Parece que demorou, mas tudo tem seu tempo, o período de maturação. A pandemia, de certo modo, veio nos dizer da necessidade de estar perto das pessoas com as quais nos identificamos e nos vinculamos em ética e estética. Claro que tematizamos a pandemia (nesse repertório), mas também fizemos canções que poderiam ter sido geradas em qualquer momento e que falam de outras coisas, assuntos perenes em nós”, contextualiza Chico César.
“Nós nos tornamos amigos e parceiros desde que nos conhecemos em 1991, mas a real é que nunca fizemos muitas músicas juntos. A parceria se dava mais num plano de troca estética e admiração mútua. Com a pandemia e o isolamento, algo se deu, algum pavio criativo acendeu em nós. Começamos a trocar ideias, pedaços de letra ou melodia, refrãos à espera de estrofes e, desde maio do ano passado, compusemos duas dezenas de canções. Resolvemos gravá-las por reconhecer nessa produção o coroamento de uma longa história de amizade e afinidade musical”, corrobora Zeca Baleiro.
Como tanto Baleiro quanto Chico fazem letra e música, o processo de criação do repertório do álbum foi bem variado, com muitas experimentações na forma de compor as músicas. Tem letra de Chico com música de Zeca e vice-versa, mas tem também canções criadas em conjunto, refrão de um que o outro desenvolveu, por exemplo.
Editado em parceria do selo de Chico César (Chita Discos) com a gravadora de Zeca Baleiro (Satavá Discos), com distribuição da ONErpm, o single duplo Lovers + Respira agrega músicas de cepas distintas.
Respira é canção de atmosfera mais delicada, cuja letra motivadora inclui versos como “Não se entregue, não / Ainda tem chão, respira”. A gravação de Respira foi feita com os toques dos músicos Fabinho Sá (baixo), Guilherme Kastrup (bateria) e Rubinho Antunes (flugelhorn), além de Chico César ao violão e do produtor Swami Jr. na guitarra e nos teclados e synths.
Já Lovers – única faixa do álbum gravada com produção musical de Érico Theobaldo – evoca a atmosfera romântica do estilo de reggae propagado nos bailes do Maranhão, estado do Brasil conhecido como a “Jamaica brasileira”. Baleiro toca violão na faixa, também gravada com os teclados de Ricardo Prado. Já o produtor Érico Theobaldo pilota guitarra, baixo, synths e programações.
Trinta anos após o primeiro contato amistoso em 1991, Chico César e Zeca Baleiro se unem em disco que comprova que amizades e sonhos nunca envelhecem.